09/06/2021 13:34

DEVARIM

Interpretação da TORÁ na visão dos Sábios Rabinos

 

No Monte Sinai, D'us nos entregou a Torá, que significa direção. Ela foi transmitida de geração em geração, sem falhar, até os dias de hoje. Ela é dividida em cinco partes que por sua vez são divididas em porções; as parshiot que transmitem instruções, um roteiro completo de como devemos agir neste mundo, de acordo com o Próprio Autor, o Criador do Universo.
Ao descobrir a Torá, você encontrará algo que o fará olhar o mundo e as pessoas de forma diferente, e se conectará com à Fonte, uma inspiração permanente para viver uma vida mais significativa. Viver Torá é viver os tempos de Mashiach, os tempos sonhados e ansiados pelos nossos Sábios.

 

LIVRO DO GÊNESIS

CAPÍTULO 1

 

No princípio – Os primeiros capítulos do Gênesis (Bereshit) narram os primórdios da Criação. Por serem muito profundos é difícil compreender todo o seu conteúdo sem um conhecimento prévio dos ensinamentos da TORÁ, conforme foram revelados no Talmud e na Cabalá.

 

No princípio – Bereshit (por causa de Reshit): O Talmud proclama que o Universo não teria sido criado se não fosse pelo mundo espiritual, pela palavra Divina, pela TORÁ, chamada Reshit, princípio de tudo (passachim 68).

 

Criou Deus – Elohim tem, em hebraico, (Deus) a forma plural, para indicar que compreende e unifica todas as forças infinitas e eternas, e para que não e para que pensem que são muitos deuses, o verbo Bará (criou) foi empregado no singular, imediatamente depois de Elohbim O exegeta Abraham Ibn Ezra (1089-c,1164) argumenta que esta palavra não é nada além de um plural majestático concebido pelo homem devido às múltiplas e ilimitadas manifestações de Deus. [O plural majestático (do latim pluralis majestatis: 'plural de majestade'), também chamado plural de modéstia, refere-se ao uso (geralmente, por uma autoridade) da primeira pessoa do plural (nós) em lugar da primeira pessoa do singular (eu), para se autodesignar, ou o emprego da segunda pessoa do plural (vós) em vez da segunda pessoa do singular (tu), em atitude respeitosa para com o interlocutor.]

 

Os céus e a terra – No princípio versículo do Gênesis, vemos a intenção evidente de dar ao homem a consciência de que tudo se deve à Criação Divina. Os mitos antigos atribuem a existência do mundo ao resultado das lutas dos múltiplos deuses, ou como nascido da casualidade e do capricho. Porém, a TORÁ quer nos mostrar o Universo como expressão da vontade Divina (na linguagem da Cabalá, Tsimtsum); a Criação como princípio de tudo, e não a Criação em si, mas a Providência – Isto é, Deus – como Criador, Legislador e Condutor do Universo.

 

2. – Assim é interpretado pela tradução aramaica de Onkelos, enquanto o exegeta Rashi (Rabi Shelomo Yits’chaki, 1040- 1105) explica que a palavra Tôbu (vã) significa assombro e consternação pela vacuidade (vazio) em que se encontrava a terra.

 

E o Espírito de Deus se movia – Para a maioria dos tradutores é difícil traduzir estas palavras, que têm sentido difícil de captar por nosso limitado entendimento. Segundo Rashi, significam que o trono Divino movia-se por ordem de Deus e por meio de alento (Rúach) exalado por Sua boca, sobre a face das águas, aparentemente para dar o alento da vida à matéria inanimada (cf. Gênesis 2:7 e Isaías 42:5) A tradução aramaica de Ionatan Ben Uziel diz: “...e o espírito de misericórdia procedente de Deus soprava sobre a face das águas.

 

sobre a face das águas – Rashi propõe que o princípio versículo do Gênesis seja traduzido assim:  “No princípio, ao criar Deus os céus e a terra, a terra era vã etc.”, pois a Escritura Sagrada não aqui a ordem da criação; a prova disso é que o fim do segundo versículo sugere que as águas já existiam antes dos céus e a da terra.

 

5. dia um – Muitos doutores da Lei tratavam de conciliar a data da era hebraica com as últimas descobertas cientificas, que revelam baseadas no “relógio de Urânio” ou automático”, ou seja, na desintegração das substâncias radioativas das rochas, que a Terra tem, aproximadamente, 4 bilhões de anos. Seus esforços foram inúteis. Então, para conciliar a Escritura Sagrada com a ciência, podemos até admitir que um dia da Criação não equivale a um dia ordinário, e sim, a um longo período de tempo, conforme descrê o rei David no salmo 90 “Pois mil anos em Teus olhos são como o dia de ontem, que passou, e como uma vigília noturna.”  Apesar disso, os judeus religiosamente atêm-se à fé nas Escrituras Sagradas e contam os anos a partir dos dados bíblicos. Estes indicam estamos hoje no ano de 5782 (2021).[i]

 

8. dia segundo - Segundo Rashi, a expressão "E viu Deus que era bom" foi omitida ao término da criação do segundo dia, pois ela só foi concluída no terceiro dia. Assim, uma obra inacabada não podia ser qualificada de "boa". Além disso, no terceiro dia, quando ela termina e outra é iniciada e concluída, o versículo repete esta frase duas vezes. (E) dia segundo — Segundo Rashi, os céus — criados no primeiro dia — estavam em estado fluido. No segundo dia, os céus se solidificaram criando uma divisão entre as águas de cima e as águas de baixo. De acordo com Nachmânides, a separação foi entre os aspectos totalmente espirituais da Criação e o mundo material que circunda o homem, inclusive os mais distantes pontos do sistema solar. Ele diz ainda que o firmamento e as águas de cima e de baixo estão entre os mistérios da Criação que não podem ser conhecidos pelo homem, ou cuja explicação deve ser limitada àqueles qualificados a conhecê-la. Já outros exegetas comentam que o termo "firmamento" se refere à atmosfera que envolve a Terra.

 

13. dia terceiro - Conforme o costume sefaradita, aqui termina a leitura do Cohen (o primeiro a ser chamado à Torá) no sábado

 

21. grandes peixes - Os antigos babilônios acreditavam que os deuses criaram o mundo depois de uma árdua luta entre os fabulosos dragões que haviam precedido à Criação. A Torá ensina que mesmo estes são produtos da criação de Deus. É por este motivo que no relato do Gênesis nenhum animal é designado particularmente, exceto os Taninim, que significam também dragões.

 

24. quadrúpede - A referência da Escritura, aqui, é específica aos quadrúpedes domésticos.

 

 26. Façamos homem - Antigamente, era costume entre os reis e grandes personalidades empregar o plural "majestático" ao falar de si mesmos (vide 2 Samuel 24:14); o Midrash (Bereshit Rabá 8), porém, comenta que Deus se aconselhou com os anjos sobre a conveniência de criar o homem ou não. À nossa imagem — Maimônides (1135-1204), em sua obra O Guia dos Perplexos, distingue dois Conceitos: Tsélem (Forma) e Demut (Semelhança), de Tôar (Aspecto) e Tavnit (Configuração). Tôare Tavnit significam a figura material, enquanto Tsélem e Demut a forma espiritual. A Torá, ao indicar Tsélem e Demut, define o espírito e nos confronta com um dos princípios básicos do judaísmo. Não se pode elevar a Deus por intermédio da matéria, Tôar e Tavnit (vide Isaías 44:13), e sim por meio do espírito, Tsélem e Demut. Somente assim o homem pode aproximar-se de Deus.

 

27. à sua imagem - Com a imagem criada por Deus para formar o homem, o que não significa a imagem própria de Deus, pois Deus não tem forma alguma, como está explicado no terceiro dos treze princípios da fé de Maimônides. "Enlo derma baguf, veeno guf" (Ele não tem nenhuma forma, é incorpóreo). À imagem de Deus o criou — O homem foi criado com uma semelhança espiritual à de Deus.

 

LIVRO DO GÊNESIS

CAPÍTULO 2

 

Nachmânides (1194-1270) interpreta estas palavras como "imortalidade do homem". Outros opinam que esta sentença se refere ao fato de que só o homem possui autoconsciência, isto é, ele sabe que vive e que deve morrer. Geralmente é aceita a interpretação de Rashi, que entende nesta expressão "o privilégio do raciocínio", a capacidade de observar a realidade e deduzir conclusões racionais. O filósofo Saadia Gaon (882-942) sugere que "a imagem de Deus se refere ao domínio do homem sobre a terra, assemelhando-se ao seu Criador. Os atributos de inteligência e de domínio expressam a mesma qualidade, ou seja, a capacidade criativa do homem." (MD) macho e fêmea criou-os — No capítulo 2:21, a Escritura conta em detalhes como Deus fez para criar a mulher, sem qualquer contradição entre ambas as passagens.

 

30. para comer — A princípio, Deus concedeu ao homem comer verduras e frutas, e aos animais ervas. Mais tarde, porém, permitiu-lhe comer também a carne de animais (vide Gênesis 9:3).

 

1. todo seu exército - Segundo Nachmânides palavra hebraica Tsevaáminclui a terra com seus reine vegetal e animal, os corpos

celestes, os luminares estrelas e também os seres espirituais, inclusive a dos seres humanos. (E)

 

 2. e cessou - Antes de formar, no sexto dia, o homem, o ser mais importante da Criação, Deus preparou-lhe o máximo de conforto e felicidade. O sol, a lua e as estrelas para iluminar o seu caminho; as flores para gozar de seus perfumes; os pássaros para entoar-lhe os seus cânticos harmoniosos, e todos os bens da terra para desfrutar deles segundo o seu desejo. Faltava dar-lhe o exemplo do Shabat (sábado), o dia em que deveria dedicar-se ao repouso do corpo e da alma, ao regozijo e à elevação do seu espírito. "E Deus descansou, abençoou e santificou o sétimo dia".

 

3. porque nele cessou toda sua obra - A observância do Shabat é o sinal que testemunha que o Eterno é o Criador do Universo e que completou Seu trabalho no sétimo dia. Nós, entretanto, devemos abster-nos de todo trabalho criativo no sábado para demonstrar que nào somos os donos deste mundo, mas somente os servidores de Deus para cumprir Seus mandamentos.

 

para fazer - Deus criou tudo do nada e "para fazer", ou seja, para ser um elemento produtivo.

 

4. Eterno Deus - Aqui aparece pela primeira vez O nome - Adonai (Eterno), ou seja, o Tetragrama, composto pelas letras YOD, RÊ, VAV, RÊ- (YHWH). O uso de dois nomes Divinos juntos — Adonai Elohim— vem nos ensinar sobre o equilíbrio entre justiça e misericórdia. De acordo com os sábios do Talmud, o primeiro invoca A lidat Harachamim, o atributo de misericórdia de Deus, enquanto o segundo Alidat Hadin, o atributo de justiça de Deus. Ensina-nos o Midrash: "Assim disse o Santíssimo, bendito seja: Se Eu criar o mundo com o atributo de misericórdia, haverá muitos pecadores, porém, se o criar com o atributo de justiça, como o mundo poderá subsistir? Por isso, criarei o mundo com ambos e em conjunto, e tomara que ele perdure!" (E)

 

5. antes que germinasse - Deus havia criado as raízes das ervas no terceiro dia da Criação, mas estas não cresceram o suficiente porque ainda não havia chovido. Deus criou no terceiro dia as plantas, as árvores e os frutos, e no quarto dia os astros, isto para demonstrar Seu poder fazendo a terra fecundar mesmo sem o calor do Sol.

 

7. pó da terra — ( ) fato de ter criado Deus um homem só, formando-o do pó da terra, ensina, esse iludido o d Mdrash, que não deve existir orgulho,  ad ade de origem, linhagem e casta entre os homens :ninguém pode chamar ao seu semelhante de estrangeiro, pois pertence, como ele, à mesma terra (Iacult15). O Talmud enfatiza este aspecto: "A humanidade foi criada com Adão, um único ser humano, para nos ensinar que todo aquele que destrói uma única vida humana é considerado, aos olhos do Criador, como se destruísse o mundo inteiro, e aquele que salva uma única vida humana, como se salvasse o mundo inteiro. A raça humana começou com um único indivíduo, com o objetivo de preservar a paz entre os homens, para que ninguém possa afirmar que 'O meu antepassado é mais antigo do que o teu', e Par/ • que o herege não possa alegar que existem muitos poderes celestiais." (MD)

 

1 5. para o cultivar - Ainda no Paraíso, Deus ordenou ao homem cultivar o jardim, porque aquele que evita o trabalho, sem criar nem produzir, deixa de representar a imagem do Criador.

 

1 8. o homem só - A Torá condena o celibato. O homem é obrigado a contrair matrimônio desde a idade de dezoito até vinte anos, se assim o pode fazer (Maimônides, Sefer Hamitsvot; Talmud, Kidushin 29). Porém, o homem que tem de abandonar o estudo da Torá para procurar manutenção, fica isento desta obrigação até formar uma situação; pois segundo o Talmud, o homem deve primeiro preparar o lar, plantar uma vinha (estabelecer trabalho) e, depois, casar. (Sofá 44 e Maimônides, Hilebot Deot• "Quem não tem esposa, vive sem alegria e sem bênção" (Talmud, lebamot 62). "O solteiro é considerada, meio corpo" (Zóhar). Muitos provérbios dos s do Talmud referem-se ao respeito e ao amor à mulher: "Ame o homem a sua mulher como si mesmo, e a honre mais do que a si mesmo" (Talmud lebamot 62). "Aquele que se casa com mulher e como se cumprisse todos os preceitos da Lei" (1 Rale, 606).

 

2.3 a esta será chamada mulher -  O casamento no judaísmo é uma instituição Divina. Sua celebração não necessita, na Antiguidade, de nenhuma cerimônia religiosa especial, de intervenção de profeta ou de Dr. da Lei era uma ato sagrado ao qual nenhum rito necessitava acrescentar nada em santidade ou importância. Com o tempo, quando o casamento se tornou muitas vezes um negócio, uma especulação, uma reunião de fortunas em lugar de uma união de almas, uma associação de interesses em lugar de uma fusão de virtudes, os chefes da religião, temendo ver este santo mandamento degenerar em promiscuidade dos sexos, instituíram uma consagração religiosa particular e prescrições obrigatórias, baseadas na Lei Escrita e na Tradição, das quais devia depender a validade do casamento. Quando Deus criou o primeiro homem, Ele o chamou Adám, mas depois de dar-lhe a sua companheira, Ele o chamou Ish (esposo) e a ela Ishá (esposa). O Altíssimo colocou nele Seu Nome lá 7 dizendo: "Se eles andarem nos Meus caminhos e observarem os Meus mandamentos, Meu Nome estará com eles; Eu os preservarei dos males e das aflições. Caso contrário, Eu lhes retirarei Meu Nome e serão um para o outro Êsh, um fogo devorador." Na escolha de urna esposa é preciso considerar, dizem nossos doutores, a virtude e a piedade da pessoa e, sobretudo, as dos pais e irmãos (Baba Batrá 110), e não sua fortuna e posição social. Assim, a felicidade doméstica é infalivelmente assegurada.

 

Capítulo 3 3. nem tocarei nele -  A proibição era só não comer. O exagero da mulher propiciou sua queda.

 

7. souberam que estavam nus - Hachaim (Rabino Chaim Ben Atar 1696-1743), não foi a nudez física e ambos que lhes causou vergonha, e sim a transgressão cometida. Foi isto que gerou neles - homem e mulher — vergonha e temor e a necessidade de esconder-se.

 

11. Acaso da árvore de que te ordenei não comer dela, comeste? - O saudoso mestre, O Grão Rabino de Viena, Prof. (Chajes, perguntou quando estudávamos no Seminário sobre a narração das duas árvores do Paraiso); a arvore do saber (Ets Hadáat) e a da vida (Ets Hachayim). Será que Deus prefere gente ignorante? Porque, assim foi evitado que Adão e Eva comessem da árvore da vida, poderia também ter sido obstruído o gozo da árvore do saber, o que não foi contra a vontade Divina; então qual a é a razão da expulsão, do Gan Éden? E Rav Chajes responde: “ O pecado consiste em terem comido de uma fruta madura que eles não plantaram, para ao qual não contribuíram em nada, nem esforço e menos cuidado. Cada ser humano deve aspirar à sabedoria, mas ela também deve ser obtida por esforço próprio, pois somente o pensamento independente do homem, o reconhecimento pessoal, o aprofundamento individual no estudo, tem valor e prevalece.”

 

12, deu-me da árvore e comi -  O capítulo 3 nos fala do pecado original e da responsabilidade moral do ser humano. Deus concedeu ao homem a liberdade para escolher entre o bem e o mal, ou seja, o livre arbítrio. Em sua famosa obra Os oito Capítulos, Maimônides escreveu que tudo pode estar no poder de Deus, exceto o livre-arbítrio.  Este fato é demonstrado no trecho de Caim, do Dilúvio, de Sodoma, e em outras incontáveis vezes, em dota a Bíblia.

 

21. Fez vestir – A Torá tem no seu princípio um ato de caridade. “E fez o Eterno Deus para o homem e •para sua mulher túnicas de pele e os fez vestir". E no fim, um outro: "E sepultou-o (Deus a Moisés) no vale, na terra de Moab" (Deuteronômio 34:6) (Ialcut 23). "A beneficência é uma das coisas sobre a qual se sustenta a Humanidade." (Midrash lalcu. "Não consideres jamais que tenhas praticado beneficência         demais, pois tu te beneficias cada dia da magnanimidade de Deus" (Reshit Chochma). "Mais do que o rico faz com o pobre, o pobre faz com o rico, dando-lhe oportunidade de fazer uma boa obra" (Midrash lalcut Rute604).

 

24. E expulsou o homem - De acordo com Rashi, Deus lamentou o pecado e suas consequencias, pois Adão tornou impossível para Deus mantê-lo no Jardim do Éden. Ao comer da Árvore do Conhecimento, o homem tornou-se "como um de Nós", significando que se tornara único entre os seres terrestres, como Deus é único entre os seres celestiais, 9 pois agora o homem podia diferenciar entre o bem o mal, qualidade que os outros seres não tinham. Porque o homem adquiriu esta habilidade e seu desejo de gratificação sexual acentuou-se, surgiu um novo perigo. Se o homem mantivesse a capacidade de viver para sempre, ele poderia passar seus dias buscando o prazer, deixando de lado o crescimento intelectual e as boas ações. Assim, ele falharia na obtenção da felicidade espiritual que Deus lhe planejou. Deste modo, segundo Nachmânides, o homem teve de ser expulso do Éden para que ele não tivesse oportunidade de comer o fruto da Árvore da Vida e tornar-se imortal.

 

Capítulo 4 3. do fruto da terra - Deus recebeu a oferenda de Abel porque ele a fez de bom grado, escolhendo o melhor de seus rebanhos, o que não aconteceu com Caim, que ofereceu com descuido o mais comum dos frutos da terra. A Deus não interessa a oferenda em si, mas a sinceridade dos sentimentos.

 

7. mas tu podes dominá-lo -  Ao descer à sepultura, teus pecados te acompanharão, a não ser que te arrependas. Se sucumbires à tua inclinação para o mal, a punição e o mal estarão sempre por perto, como se morassem na casa vizinha. (E) seu desejo - A inclinação para o mal deseja tentar-te continuamente, mas tu podes dominá-la — tu podes te sobrepor a ela se quiseres, porque tu podes corrigir teus caminhos e afastar o pecado. Deste modo, Deus ensinou a Caim que o homem pode sempre se arrepender e Deus estará pronto a perdoá-lo. (E) 8. E disse Caim a Abel palavras de briga, cheias de cólera, que a Torá não menciona pois provavelmente 10 eram carentes de sentido, belicosas e vazias de qualquer argumento lógico. Ao omiti-las, a Torá nos ensina que elas não podem nem racionalizar nem justificar um assassinato. (E)

 

15. quem matar - Rashi explica as palavras "Por isso quem matar Caim sete vezes será vingado" da seguinte maneira: "Por isso, quem agora matar Caim, será castigado, pois somente após sete gerações ele deverá ser castigado por ter matado Abel." De fato, no versículo 23, é feita alusão ao fato de que Lémech, durante a sétima geração de Caim, matou involuntariamente a este e a seu próprio filho, Tubal-Caim.

 

16. E saiu Caim da presença do Eterno — Em toda parte onde ele estava, parecia que todos o olhavam com inimizade; acreditava ouvir, a cada momento, a voz do castigo: "Que fizeste?" (vide a poesia L de Caïn, de Victor Hugo). "Para onde irei a fim de ficar longe de Teu espírito? E para onde fugirei da Tua presença? Se subo ao céu Tu lá estás e, se me prostro no inferno, nele também Te encontras presente; se eu tomar as asas da aurora e habitar nas extremidades do mar, ainda lá me alcançará a Tua mão, e me susterá a Tua destra!" (Salmos139:7-10).

 

17. E conheceu Caim a sua mulher -  Rashi comenta aft que Eva deu à luz Caim junto com uma irmã gêmea, que ele depois veio a desposar. Em Gênesis 5:4 consta que Adão gerou filhos e filhas. Sabemos que nos primórdios do desenvolvimento da espécie humana ocorria o casamento entre irmãos, mais tarde proibido pela Torá. (E)

 

21. ele foi pai — A Torá cita as primeiras artes praticadas pelo gênero humano. Iubal foi o mestre da música da lira e da harpa, e Tubal-Caim, artífice em 11 trabalhos de cobre e ferro. Numerosas passagens da Bíblia destacam o gosto musical do povo judeu. Os principais instrumentos usados naquele tempo são: o Tof, que era uma espécie de tambor: "E tomou Miriam, a profetisa,...o adufe (Tof) na sua mão e saíram todas as mulheres atrás dela..." (Êxodo 15:20); o Nebel, uma espécie de lira de 10 ou 12 cordas, traduzido para o latim Nablium; o Chalil, flauta; o Shofar, trombeta de chifre; a Chatsotserá, trombeta usada pelos sacerdotes; os Menaneim e Tseliselim (2 Samuel 6: 25), que são uma espécie de címbalos; por fim, o Kinor, espécie de lira de 8 a 10 cordas, símbolo da alegria, do qual o rei David era o grande mestre e, com sua arte, levava consolo aos tormentos morais e espirituais do rei Saul (1 Samuel 16:16).

 

22. açacalador — Segundo Rashi, “Lotêsh Col ChorEsh" refere-se ao artesão que afia e lustra artefatos de cobre e ferro, um tipo de serralheiro e polidor dos nossos

 

23. por contundi-lo? — Conta o Mídrash que sendo

 

Capítulo 5

 

1. Estas são as origens — O Gaon de Viloa (1720) divide a Torá em três partes a primeira narra a história da criação do céu e da terra; nada nesse mundo se faz só ou ocasionalmente; tudo é produto da ordem Divina, nada é caótico. Acima de todos os elementos, muito antes que tivessem contribuído para a Criação do Universo, já pairava o grande e incompreensível Espírito de Deus que os criou e dominou. A segunda pane, que se inicia aqui, relata a história

 

geral da humanidade: corno foi criado o primeiro homem e as fases do seu desenvolvimento para tornar-se aquilo que é hoje. E a terceira, onde a Torá descreve como começou esta curiosíssima, atormentada e grandiosa história do povo judaico. (MD) 17. oitocentos e noventa e cinco anos — Nachmânides explica por que as pessoas viviam tanto naquela época. Adão, como urna obra realizada pelas próprias mãos de Deus, era fisicamente perfeito, assim como seus filhos. Deste modo, era natural para eles uma vida longa. Depois do Dilúvio, uma deterioração da atmosfera causou o encurtamento gradual da vida, até que, na época dos Patriarcas, as pessoas normais passaram a viver entre setenta e oitenta anos, enquanto os mais perfeitos espiritualmente viviam mais. 2 2. E andou Enoch com Deus — A expressão hebraica "andar com Deus" significa "levar uma vida correta", como se o homem fosse acompanhado pelo seu Criador, que é a fonte da verdade e da justiça. Expressão igual foi usada a respeito de Noé (capítulo 6: 9) e de Abrahão (capítulo 17:1). 24. porque o tomou Deus—Estas palavras significam literalmente "morreu", pois morrer é ser recuperado por Deus, em cujo seio está a vida eterna. Assim disse J ó ao receber a notícia da morte de seus filhos: "O Eterno os deu, o Eterno os tomou; seja bendito o nome do Eterno." (i ó 50:21) Os cabalistas rodeiam de mistério a morte de Chanoch, o que serve de base para o misticismo judaico. Também o Se» Haiasbal fala sobre o desaparecimento misterioso de Chanoch.

 

PG14

12. Noé foi a décima geração a partir de Adão. Este morreu no ano 930 da Criação. Shet nas-ceu no ano 130 e morreu no ano 1042; Enosh (235-1140); Kenan (325-1235); Mahalalel (395-1290); Iéred (460-1422); Chanoch (622-987); Matusalém (687-1656); Lémech (874-1651); e Noé (1056-2006). Ou seja, Noé nasceu 126 anos depois da morte de Adão, que chegou a conhecer seu "neto" Lémech. (E) Capítulo 6 2. E viram os filhos dos senhores — A palavra El l i/m é singular quando se refere a Deus, Criador de tudo. Significa "juízes" como em Êxodo 21:30; "anjo" em Salmos 82:6; "ídolos" em Êxodo 20:3. Segundo Rashi, neste versículo significa "filhos dos senhores e dos juízes", porque o termo Elobim implica sempre em julgamento. Também as versões em aramaico de Onkelos e Ionatan ben Uziel traduzem Bene Haelobim como "filhos dos grandes". filhas do homem —Maimônides comenta que eram as filhas da população comum, as de classes baixas, que não tinham força para resistir a seus superiores. A Torá, portanto, começa a narrativa da tragédia

falando sobre a dominação dos fracos pelos poderosos. O resultado destes casamentos foi que a descenden_ cia de Shet foi seduzida pelas propostas de urna cul-tura depravada e sem fé em Deus, e sofreram a con-denação que destruiu a espécie humana. (E) tomaram para si mulheres de todas as que esco-lheram —A expressão "de todas", aparentemente supérflua, nos ensina, segundo Rashi, que temos aqui um caso de perversão sexual, onde os homens, além de mulheres casadas, tomavam estas mulheres contra a vontade delas — e a Torá relata isto como uma injustiça. (E) 3. serão os seus dias cento e vinte anos — Por intermédio de Seu atributo de misericórdia (Midat Haracbamim), Deus dá mais uma oportunidade ao homem: a humanidade terá um prazo de cento e vinte anos para mudar de atitude e reparar o dano causado por sua perversão e mau comportamento. (E) 5. Maftir — Última pessoa chamada à Torá no sába-do, para quem são relidos os versículos finais da Parashá (ou outro trecho específico, quando ocorre alguma efeméride) e que é convidada a ler a Haliard.

 

 

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9. Estas são as gerações de Noé — A Torá, em vez de citar os nomes de seus filhos imediatamente, menciona as qualidades de Noé, para destacar que a verdadeira descendência do homem não são seus filhos, mas sim, as suas boas obras, as quais fazem parte de seu próprio ser. Os atos são os frutos interiores da pessoa. Unidos a ela, mais que qualquer outra coisa, consistem na verdadeira herança que o homem pode deixar neste mundo. 11. E corrompeu-se a terra — A Torá descreve o maravilhoso mundo criado por Deus, mas os homens dessa geração eram ruins, e sua maldade foi a causa da destruição dessa grandiosa obra Divina. De nada valeu a inteligência herdada de Adão depois deste ter comido da árvore da sabedoria; de nada ajudaram as descobertas no campo da técnica e indústria, agricultura, economia e música; ao contrário, dia-a-dia aumentava a sua decadência moral. Com o progresso das descobertas e civilização, agravaram-se seu orgulho e sua voluptuosidade, e mais eles se aperfeiçoaram na descoberta de instrumentos mortíferos e destrutivos. Um único homem justo, 16 correto e íntegro dessa geração conseguiu salvar a humanidade inteira da ruína completa. Noé demonstrou que o homem tem forças morais suficientes para conservar sua integridade ética em todas as circunstâncias da vida, e não precisa sucumbir às influências malévolas e prejudiciais do ambiente em que vive. (MD) se encheu a terra de roubo — Os sábios interpretam o termo "C ba már corno sendo violência, idolatria, incesto e homicídio. (MD) 13. farei perecer — Este versículo nos confronta com a 1-lasbgacbd, a Divina Providência, a lei que governa o mundo. A essência e finalidade da criação tinham sido desvirtuadas e a malícia imperava entre os homens. Pelas leis eternas, uma sociedade corrupta está condenada a desaparecer. 14. arca —A palavra Tevá aparece na Bíblia em apenas duas únicas situações, e ambas dizem respeito à salvação ligada às águas: por ocasião do Dilúvio, para salvar Noé e sua família — e por extensão, a humanidade —, e com relação a Moisés, para salvá-lo do decreto mortal do Faraó. (E)

 

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18. E estabelecerei a Minha aliança — De acordo com o exegeta Obadia Seforno (1470-1550), é uma referência à aliança estabelecida com Noé após o Dilúvio (9:8-17), na qual Deus promete não mais destruir o mundo através de um dilúvio. (E)

 

Capitulo 7 2. De todo quadrúpede puro — No capítulo 11 do Levítico e no capítulo 14 do Deuteronômio estão estipulados os animais que são puros e impuros para se comer. De acordo com Rashi, portanto, foi usada aqui uma terminologia futura. (E) quadrúpede que não é puro — A Torá usou as palavras "que não é puro" em lugar de "impuro" para ensinar-nos a empregar unia linguagem refinada em todas as nossas conversas.

 

4. depois de sete dias — O Midrash conta que Noé trabalhou na construção da arca durante 120 anos (vide 6:3). Durante todos estes anos, as pessoas perguntavam o que fazia e ele respondia que um dilúvio estava por vir, na esperança que se arrependessem de seus atos malévolos e voltassem a trilhar o caminho do bem. Isto não aconteceu e o dilúvio, agora, era iminente. Como não conseguiu convencer os demais, alguns sábios dizem que Noé era "um homem justo" apenas naquela geração, mas não o seria na geração de Abrahão. Outros alegam o contrário: se foi justo naquela, seria ainda mais em outra. (E) sete dias - Rashi comenta que estes sete dias foram em respeito ao bondoso Matusalém, que morreu antes do Dilúvio. (E)

 

 

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6. e o dilúvio foi águas sobre a terra — A terra estava corrompida, porque os homens haviam corrompido seus caminhos. A natureza, ela própria, tinha que reagir, pois o bem foi o móvel da criação inteira. Segundo a Cabalá, o domínio da natureza pelo homem está ligado à prática da justiça e da sua benevolência. Até lá, as águas não se atreviam a invadir a terra, e os astros celestes, que continuamente elevam e abaixam as águas, faziam regular os seus limites. Porém, quando a humanidade se desviou do caminho do bem, tudo se pôs contra ela, e as águas invadiram a terra. 18 13. Neste mesmo dia —No dia fixado pelo Eterno. com eles à arca— A construção da arca durou vários anos. Deus podia salvar Noé e sua família de outra maneira, evitando este trabalho duro e penoso: porém, a Divina Providência não castiga sem advertência, o que se chama em linguagem talmúdica Hatraá. As dez pragas enviadas, uma a uma, aos egípcios, são um vivo exemplo da generosidade de Deus. Na legislação de Moisés, o testemunho tinha de ser acompanhado da Hatraá, porque, sem ela, não se podia aplicar a pena capital ou a sentença deilakof (39 chicotadas).

 

 

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 e as janelas dos céus; e deteve-se as águas de sobre a terra, andando e ao fim de cento e cinqüenta dias. 4

2 0. Quinze cúbitos — Um cúbito (A m a) equivale aproximadamente a 0,495 metros. As dimensões da arca seriam, portanto, de 148,5 x 24,75 x 14,85 m totalizando 54.579,32 tri3. Cada um dos três níveis tinha 3.675,38 m2 de área, num total de 10.026,13 m2. (E) Capítulo 8 1. E lembrou-se Deus — Em Sua sabedoria, Deus ignorou o desespero de Suas criaturas, como se tivesse "se esquecido" delas. Agora que estava prestes a mostrar Sua misericórdia, é como se tivesse "se lembrado" delas. Os exegetas dizem que Noé mereceu a misericórdia Divina por ter alimentado e tratado os animais durante todos os meses passados na Arca. Os doze meses passados na Arca ensinaram

19 L leU IC11 dl I 1-SC d5 'ornes abiSrno, a chuva dos céus. ' E voltaram voltando e minguaram-se as águas E pousou a arca no mês sétimo; a Noé e à sua família o conceito da convivência. Por força das circunstâncias, eles readquiriram conceitos e valores que se desgastaram na sociedade e cultura em que viviam. Através da experimentação contínua no cotidiano, lhes ensinou que a vida em comum com outras pessoas só é possível a partir de concessões mútuas e do reconhecimento da existência e das necessidades do próximo. Assim, Deus pôs à prova a bondade de Noé. Aprovado no teste, ele adquiriva condição de tornar-se o fundador da segunda humanidade. (E) espírito — Este espírito ou vento arrefeceu a fervura das águas, selando as fontes e fazendo retroceder o i Dilúvio. (E)

 

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4. no mês sétimo — A cronologia do Dilúvio, segundo o Talmud, é a seguinte: começou no dia 17 do mês de Cheshvan do ano 1656 após a Criação; choveu forte durante 40 dias até 27 de Kislev; mais 150 dias de chuva intermitente e estamos em 1 de Sivan, quando parou de chover e as águas começaram a baixar; em 17 de Sivan, a arca pousa nos montes; mais 73 dias e, em 1 de Elul, Noé avista o topo das montanhas; 40 dias depois, em 10 de Tishrê, é aberta a janela e, três semanas depois (1 de Cheshvan), o corvo é enviado; uma semana depois, a primeira pomba; mais uma semana, a segunda pomba; outra semana e a terceira pomba que não volta e, em 27 de Cheshvan do ano 1657, Noé saiu da arca, após 365 dias — um ano solar completo. (E) sobre os Montes de Ararat — No livro de Isaías (37:38) é o nome de um país. Nas Bíblias comuns, Ararat está traduzido por Armênia. O monte Ararat, que se encontra a leste da Ásia Menor, tem aproximadamente 5.000 metros de altitude.

 

veracidade 5. dos montes — Querendo ter provas da 'ye do Dilúvio, vários arqueólogos e cientistas fizeram expedições à Mesopotâmia e aos montes Ararat Djudi, Nesir etc. As descobertas, em 1828, nas cida: des de Ur e Kish, revelaram uma camada de barro e de areia fina misturada a conchas de água doce. Isto representava, segundo eles, o "nível do Dilúvio". Em 1863, foram encontradas inscrições na antiga cidade de Nínive, e uma delas continha a narrativa caldeana de um Dilúvio. A versão assíria da Epopéia de Gilgamesh, encontrada também em Nínive, e a versão sumeriana proveniente do Nipur, falam igualmente de um Dilúvio. (Vide La Bible a dit iraicap. II de Ch. Marston). Porém, a fé judaica em tudo o que escreve a Bíblia, é inquebrantável; e diremos de passagem que vários dilúvios e inundações em forma de cataclismos ocorreram na história da humanidade. como na Grécia antiga, na Índia, no Tibete etc.: por que, pois, duvidar do grande Dilúvio do tempo de Noé?

 

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2 1. E sentiu o Eterno o cheiro de suavidade —Esta expressão, empregada em linguagem humana e que se repete muitas vezes na Torá, indica que Deus recebe com agrado a oferenda (Vide Onkelos e Ionatan ben mau desde sua mocidade —O Talmud discute se o homem nasce com maus impulsos ou se eles são produto do mundo que o cerca, chegando à conclu-são de que ele não nasce com tendências ou impulsos, e sim que estes são resultado de sua conduta, ou de influências recebidas, e não conseqüência de sua pró-pria natureza. Os sábios acrescentam ainda que os preceitos (Alitsvó e ensinamentos da Torá são uma espécie de antídoto, cuja finalidade é purificar e refi-

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nar o ser humano, libertando-o dos impulso . s ficga. tivos de seu coração. Em sua obra Doutrina dos Deveres do Corafào,osib¡,, rabi Bachia Ibn Pakuda ensina que «ora Hast.ssim Nimsbachim Halevavot "(0 coração é influenciado pdas rc atitudes do ser humano). Quando conseguimos edu-car nossa mente e nosso corpo, criando limites e ' parâmetros para nossa gula, cobiça, inveja, luxúria, sede de riquezas e poder, ao invés de simplesmente erradicá-los, estamos disciplinando nosso ser de for-ma construtiva, sem violentá-lo ou exigindo dele algo contra sua própria natureza. Ao invés de proibir. a Torá prefere, normalmente, regulamentar, limitars. assim, educar. (E)

 

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Capítulo 9 4. a carne — As leis da Tora ainda não tinham sido reveladas e Deus ordenou a Noé e aos seus descen-dentes que respeitassem os sete mandamentos se-guintes, conhecidos como Shiva Alitsvói 13,11 Nóach (Os Sete Preceitos dos Descendentes de Noé): prati-car a eqüidade; não blasfemar o nome de Deus; não praticar idolatria, imoralidades, assassinatos e rou-bos; e não tirar e comer o membro de um animal estando ele vivo (San 'Iyedrin 56). 5. vosso sangue de vossas almas requererei—Aqui se condena o suicídio, seja com derramamento de sangue ou por outros meios, como enforcando-se. a requererei —Deus havia deixado que os animais comessem os homens antes do Dilúvio, por causa da perversidade deles (dos homens). Mas, depois do Dilúvio, se um animal matasse um homem, de-

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veria morrer (Vide a lei de um boi que homem, em Êxodo 21:28-32). —ata a alma do homem — Ao homem que mata volunta riamente sem testemunhas, Deus lhe pedirá contas. 7. E vós, frutificai, e multiplicai-vos —Rashi,citan. do o Midrash, liga os versículos 6 e 7, concluindo que "todo aquele que não se dedica a construir uma famtlia é equiparado ao homem que provoca derrarnamentc, de sangue". 13. arco-íris —O fato de Deus utilizar um fenecer, natural como sinal de Seu pacto é porque as leis natureza devem lembrar às pessoas que é Ele, Deu quem comanda a natureza. O rabino Hirsch afir, que o arco-íris é o símbolo eterno de que, não quão desolador o futuro possa parecer, Deus se,- liderará a espécie humana ao seu objetivo

 

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20. homem (dono) da terra — A versão aramaica traduz esta palavra por "lavrador", mas o exegeta Rashi a traduz como "senhor". e plantou vinha —Noé poderia ter começado a plantar algo mais proveitoso que a videira, cujo fruto convertido em vinho e tomado em excesso, provoca tantas desgraças. e embriagou-se — O Midrash aproveita o fato da embriaguez de Noé para advertir os homens das con-seqüências do alcoolismo. Quando Noé plantou a vinha, o Satán quis associar-se a este trabalho e Noé consentiu. O astuto demônio trouxe um cordeiro, um leão, um porco e um macaco, imolou-os e regou com sangue a terra da planta. O caráter dos animais sacrificados não tardou a manifestar-se em Noé e em

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seus descendentes depois de ingerira bebida. Bei, do um copo, o homem é manso como o cordeirn. no segundo copo, crê-se forte como leão, declarandc),; que não há igual a ele no mundo. Após o terceiro copo, deita-se como o porco e, continuando a beber, não tarda a praticar insanidades e palhaçadas como o' símio (Midrash Tanchumá, Noé 13). 22. e o contou —ao invés de dissimulara falta de seu pai e de cobri-lo. Segundo o Talmud, Canaã, filho de Ham,panidpou deste evento, que incluiu um ato de perversão sexual; daí a maldição de Noé ser contra ele. (E) 2 4. seu filho mais moço —Com efeito, Fiam era. menor dos filhos de Noé e Jafet era o maior (Vide Rashi, versículo 21).

 

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27. habite em tendas de Sem — A relação entrei afet e Sem está diretamente relacionada com o intelecto e a espiritualidade humanos. Jafet foi abençoado com beleza e sensibilidade. Sem foi abençoado com santidade e Presença Divina. A bênção de Noé determina que o dom de Jafet só terá importância e beleza se colocado a serviço da verdade espiritual representada por Sem. Juntos, representam a perfei-ção que Noé vislumbrou; separados, são a tragédia que preenche a história da humanidade. (E) 29. os dias de Noé — Noé nasceu no ano 1056 da Criação (o Dilúvio ocorreu no ano 1656) e faleceu em 2006, dez anos depois da Dispersão. Abrahão nas-ceu em 1948 e tinha 58 anos quando da morte de

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Noé. De acordo com Dom Isaac Abravanel ' 1508), houve uma tradiçào oral que passou apen por quatro pessoas: Adão, Lémech, Noé e Abra: De forma similar, Moisés conheceu Kehat, que cr,_ nheceu o patriarca Jacob que, por sua vez, conviveu com seu avô Abrahão durante os quinze primeiros anos de sua vida — o que completa uma cadeia de sete elos entre Adão e a outorga da Torá no monte Sinai no ano 2448 da Criação. (E) Capítulo 10 9. valente caçador — Rashi e a maioria dos comenta-ristas interpretam esta expressão figurativamente: Nimrod convencia os homens com suas palavras enganosas e os incitava a rebelar-se contra Deus. Ele

 

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foi o precursor do hipócrita que se reveste com os mantos da piedade a fim de enganar as massas (E). 2 1. os filhos de Éber — Neste versículo, Eber signi-fica "gente vinda do além-rio". e irmão de Jafet — Segundo o exegeta Rashi, Jafet era o mais velho dos filhos de Noé. Neste versículo, Ham não é mencionado como irmão de Jafet devido

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à falta de respeito que teve para com seu pai. Capítulo 11 1. mesmas palavras — O Midrash (Ialcult 62) fa7 uma interessante comparação entre a geração da torre de Babel (Dor Habaflaga) e a do Dilúvio (Dor Hamabul). Na primeira, existia paz e concórdia entre seus membros. Por esta razão, apesar de ela ter hla,

 

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ferrado contra Deus, construindo a famosa torre para alcançar o céu, foi suavemente castigada. Porém na geração do Dilúvio, Dor Hamabul, existia a discórdia e o roubo, e isto lhe causou o desaparecimento. 5. E desceu o Eterno —Deus quis ver por Si só o que faziam os homens daquela época, para ensinar-nos que não se pode condenar a ninguém antes de ver e examinar bem a natureza da falta cometida. a torre que edificaram—O homem acreditava que, ao dominar a técnica de fabricar tijolos e betume, já podia construir torres cujas pontas alcançariam o céu. A ciência e as invenções abrem novos caminhos ao homem, porém elas não devem ser utilizadas para o mal, nem o levar à arrogância para poder dizer: "Tor-nemos célebre o nosso nome!" A Torá ensina-nos que a técnica tem de ser utilizada a serviço do bem e com um sentido moral positivo.

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7. Vinde, desçamos — O plural, empregado como no capítulo 1:26, expressa ama jestade& hagut Os reis da Antigüidade eram tratados `tiS plural majestático (Vide Esdras 4:18). 9. Por isso, chamou seu nome Babel -Esta pala vra dividida em dois, Bab-El, significa no idioma babilônico "Porta de Deus". confundiu o Eterno a língua —O exegeta Rasin exemplifica o que sucedeu: um pedia tijolos e o ou-tro entregava argamassa... Nessas condições, os aci-dentes de trabalho eram inevitáveis, assim consoas discussões. (E) As semelhanças etimológicas de algumas palavras nos idiomas de muitos povos da atualidade, nos levam a crer que existia uma só língua em todo o mundo conhecido de então: Exemplo: a palavra hebraica San  ve ri" singular San  ve r, que significa "cegueira tem

 

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poral" (cap. 19:11), assemelha-se a "sans voir"em fran-cês ou "sin ver"em espanhol ou ainda "sem ver" em português. Teotihuacán, "cidade de Deus", coincide com o grego "theos", deus em português, "dios"em espanhol, sem contar as semelhanças que existem entre os idiomas latinos, semíticos e outros. 27. Térach gerou a Abrão —As dez gerações que separaram Noé de Abrão foram: Shem (1558-2158), Arpach'shad (1658-2096), Shélach (1693-2126), Eber (1723-2187), Péleg (1757-1996), Reú (1787-2026), Serúg (1819-2049), Nachor (1849-1997), Térach (1878-2083) e Abrahão (1948-2123). (E)

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2 8. em Ur —Ur, antigo centro do culto lunar, chafiy se hoje Mukayar e encontra-se perto do lugar onde se juntam os rios Eufrates e Tigre. dos Caldeus — Esta palavra foi empregada muita vezes na Bíblia como sinônimo de babilónios. 2 9. Nachór — Os nomes de Abrão, Sarai, Nachár e alguns outros mencionados na Bíblia encontram-se em antigas inscrições babilônicas. pai de Iscá — Iscá é a mesma Sarai, mulher de Abri) (Vide Rashi). 3 1. e chegaram até Charan — Charan era uma c.ÇÁ. de situada a oeste da Mesopotámia.

 

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Capitulo 12 1. E disse o Eterno a Abrão — Os relatos bíblicos não têm um valor narrativo. Cada fato possui um profundo significado moral, ensinando algo não só à nossa mente para adquirir conhecimentos, mas, sobretudo, ao nosso coração. Por isso a Torá aban-dona o transcendental e preocupa-se com uma pe-quena família: a de Abrahão, suas vicissitudes e difi-culdades. Com Abrahão começa a história dos patriarcas e do povo hebreu. Anda de tua terra — O Midrash compara o patriarca Abrão a um frasco de delicioso e precioso perfume. Mas desde que este cheiroso perfume é transportado por diversos lugares, todos se deleitam com seu aro-ma. E o Midrash continua: "Abrão, que estava cheio de boas ações e belíssimas virtudes, tinha que aban-donar a sua pátria para que sua fama e seus ensina-mentos se tornassem conhecidos no mundo intei-ro". É este "frasco de perfume" — a fé monoteísta, com seus preceitos éticos — que Israel vem transpor-tando através do mundo. (MD)

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para a terra que te mostrarei — Abrão parte para um destino desconhecido. De acordo com a sabe&ria profunda da Cabalá, nem tanto. Usando um &Asti_ cado sistema de Guemátria composta (um tipo de numerologia judaica), seu paradeiro é óbvio: se decompusermos os elementos que compõem os nomes de cada uma das letras da palavraArfra "que te mostrarei"), teremos: x (95x) [x=1, 5=30, 9=80] = 111 (vim) [1=200, 1=10, w=300] = 510 x (95x) [x=1, 5=30, 9=80] = 111 (rp) p=20, 9=801 = 100 Total = 832 E a Guematria simples de Érets Israel (Terra de Israel) é: [x=1 ,-1=200,y=90,1=10,u7=300,1=200,x=1,5=30]= 831(E) 2. uma grande nação — Na história do povo judeu não há provas de que os descendentes de Abrahào constituíram uma raça materialmente poderosa, nem mesmo na época dos reis Saul, David e Salomão. Esta bênção não se refere à grandeza em número ou extensão territorial, porém à grandeza espiritual des-tinada a difundir-se no mundo inteiro. "Não por

 

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força nem por poder, mas por Meu Espírito, diz o Eterno dos exércitos!" (Zacarias 4:6). todas as famílias da terra — Mostra a história que o povo judeu tudo fez ao seu alcance para que, por seu intermédio, fossem abençoadas todas as famílias da Terra. Por toda parte do mundo para onde o destino os dispersou, têm contribuído para o enobrecimento intelectual e espiritual dos povos, iluminando os seus horizontes com o facho da fé monoteísta. (MD) 10. E houve fome na terra — Na terra de Canaã (depois Palestina), havia épocas de fome porque as colheitas dependiam das chuvas e estas eram escassas (Vide Deut.11:11). Então os habitantes emigravam para o Egito, país regado pelo Nilo. O patriarca Isaac foi morar em Guerar, terra dos Filisteus (21:1) e os filhos do patriarca Jacob foram ao Egito buscar pro-visões, por causa da fome (42:5). Elimélech e sua família emigraram para os campos de Moab (Rute 1).

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15. e foi tomada a mulher —Diz o Talrn d c, u Ade, provas foi Abrahão submetido e de terias Saiu vitorioso, e isto para provar como era grande I) seu amor por Deus." Segundo Maimônides (1135-1204) foram elas: 1) Ele teve de peregrinar como um es' trangeiro, desde que o Eterno lhe disse: "Anda de tua terra... para a terra que te mostrarei." 2) A fome que encontrou em Canaã, depois que o Todo-Pode-roso lhe prometera: "Farei de ti uma grande nano." Esta certamente foi uma experiência penosa. 3) Os egípcios violaram direitos humanos elementares ao levar Sara para o Faraó. 4) Ele teve de lutar contra quatro reis conquistadores. 5) Teve de tomar a Hagar como esposa, depois que perdeu toda a esperança de ter um filho com Sara. 6) Por ordem Divina, circun-cidou-se em uma idade avançada. 7) Abimelech per-petrou uma atrocidade contra ele, ao prender Sara. 8) Depois que Sara lhe deu um filho, teve de mandar

 

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Hagar embora. 9) Teve de mandar Ismael para longe; as Escrituras dizem: "E desagradou a coisa aos olhos de Abrahão, por causa de seu filho (que deveria ex-pulsar). E disse Deus a Abrahão: Não desagrade a teus olhos por causa do moço..." 10) Quando Isaac foi atado (o "sacrifício" de Isaac, expressão mais co-nhecida, embora inexata). (E) Capítulo 13 7. E houve briga — Rashi detém-se no motivo desta contenda: os pastores de Lot deixavam seus rebanhos pastar nas terras dos cananeus e perizeus. Alertados pelos pastores de Abrão, os primeiros alegaram que toda aquela terra fora prometida a Abrão e, como ele

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não tinha filhos, ela seria herdada por Lot, o que il. dava o direito de já usufruírem dela. Por isso a diz: "e o Cananeu e o Perizeu viviam então na terral: ou seja, Abrão não era o legítimo dono da terra ainda. (E) 8. homens irmãos — Este convite à paz, de Abrà, está dirigido a todos os homens da terra, assim com,, o proclamou o profeta Malaquias 2:10: "Não é urr mesmo o Pai de todos nós? Não foi um mesmo Deus que nos criou? Por que razão, então, despreza cada um de nós o seu irmão?" É necessário que, palavras de Abrahão e Malaquias se façam ouvir no seio de toda a família humana. "Somos irmãos?

 

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Vivamos em unido e harmonia! Somos filhos de um mesmo pai! Por que odiarmos uns aos outros?" 17. passeia pela terra no seu comprimento e na sua largura — Era costume antigo que o comprador de um terreno andasse por ele para confirmar legal-mente sua aquisição. Para a compra de um animal, o novo dono o fazia dar alguns passos. 15. a ri darei e à tua semente—Depois da separação de Lot, Deus repete a promessa feita a Abrão ante-riormente (Gén. 12:7), para enfatizar que a terra seria dada exclusivamente à sua semente, e não a Lot. (E) Capítulo 14 1. nos dias de Amrafel —Segundo o Midrash, este rei é o próprio Nimrod. Outros comentaristas dizem que se trata do famoso rei persa Hamurabi (criador do Código de Hamurabi, princípio do Direito), que viveu em meados do século 20 antes da era comum.

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Quando Abrão ainda vivia em Ur, o rei Nim, "'- ass via mandado atirá-lo a uma fornalha devido recusa em adorar ídolos e por pregar o monoteísmo. Já Kedarlaómer, o líder da aliança, é identificado:« Elam, filho de Sem (Génesis 11:22). (E) m`-' Goim — Nome de um país. Chamou-se assim por-que era habitado por diversos povos. Supõe-se que os habitantes desse país eram os próprios hititas. 2. Fizeram guerra— A Tora narra a guerra que ocorreu entre nove reinados da Ásia Menor e como Lor, sobrinho de Abrahão, foi feito prisioneiro, para mostrar-nos a estatura moral de Abrahão e sua ma-neira especial de proceder. "E fez voltar todos os bens; e também a Lot, seu irmão, e seus bens fez voltar... E disse o rei de Sodoma a Abrahão: Dá-me as almas (pessoas), e os bens toma para ti." Abrailào respondeu-lhe: "Levanto a minha mão ao Eterno...

 

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que nem um fio e até uma correia de sapato tomarei de tudo que é teu" (versículos 16, 21-23). Tal procedimento de Abrahão não tem igual na história da humanidade. Sua luta não é devida a motivos particulares, à ambição ou a aspirações de glória, senão a de salvar os oprimidos das mãos dos opressores. Após a vitória, ele não quis aparecer como um herói, mas como um líder da paz, levando consigo a bandeira da moral. 12. E tomaram a Lot —Deus prometera dar a Terra de Israel a Abrahão, como recompensa por sua caminhada. No entanto, a Terra Prometida recebeu-o com fome e seca, obrigando-o a procurar alimento no país vizinho. Tão logo retorna à sua terra e passa por outra experiência traumatizante: a guerra. E por que Deus precisava revelar os defeitos da terra logo no início da jornada de Abrahão por ela? O rabino Samson Raphael Hirsch (1808-1888)

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encontra a resposta exatamente na pergunta; „ Terra de Israel, por sua natureza, não tem inflti alguma — não quanto à abundância natural nemncla que se refere à sua independência política en°' justamente este o motivo pelo qual foi escolhida' Esta terra, por si só, não prometia fartura nem paz. Ela poderia adquirir estes atributos apenas se seu; moradores tivessem a consciência de que era a terra do grande desafio espiritual. Se o povo que a habi-tasse compreendesse que a moral absoluta fazia parte de seu território, então poderia viver nela. Se sentisse que as leis da justiça Divina eram as fronteiras geográficas daquela terra, então ocorreria o milagre e a terra estaria segura, protegida e gozando de fartura espantosa. Tudo isto por força da promessa Divina e não por força das armas, das intrigas políticas ou dos doutores da economia. E é bom que Abrahão saiba disso tudo logo ao conhecê-la. (E)

 

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13. E veio um que escapou — Para anunciar a derro-ta. OsMidrashim (Rabá an e h um á) dizem que se trata do rei 0g, mencionado em Deuteronômio 3:11. Abrão, o hebreu — A palavra "hebreu" (Ivri) tem vários sentidos: 1) que era descendente de Eber: ape-nas seus filhos são denominados Ivrim e falam a lín-gua Ivrit (hebraico), enquanto os demais falam ara-maico e são denominados arameus. 2) que veio do Éver, do outro lado, da outra margem do rio Eufrates. Os sábios interpretam esta expressão de forma mais profunda: Abrão estava sozinho de um lado do mundo — reconhecendo a soberania exclusiva do Criador — enquanto o resto da humanidade perma-necia atolada na idolatria e no materialismo. (E) 18. Malki-Tsédec —Os sábios identificam-no como Sem, filho de Noé, que era o rei (Mélech=Malkt) do

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local onde, no futuro, seria erguido o Templho a da Justiça (T sé de c). E ele oferece pão e vil] casa demonstrar que não guardava ressentime toara por Abrão ter derrotado na guerra seus descendentes(E 21. Dá-me as almas (pessoas) — O Talmud (edarim 32a) louva a atitude de Abrahão de devolver todo e qualquer bem recuperado na guerra, mas censura-o por devolver os cativos. Os sábios entendem que Abrahão deveria tê-los trazido para o caminho de Deus. (E) 22. Levanto minha mão ao Eterno — Antes de Abrahão, houve núcleos isolados que permane-ciam fiéis ao monoteísmo. Enoch (5:22) e Noé foram monoteístas. Nesta Parashá (porção sema-nal) encontramos a Malki-Tsédec, rei de Shalém (Jerusalém), o qual era considerado sacerdote do

 

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Deus Supremo. Porém. \ bralião tinha algo mai, que todos eles. A sua revolução contra o paganis-mo abriu à humanidade novos horizontes e pro-porcionou-lhe sagrados ideais. O patriarca Abra-hão recebeu sobre si a sagrada missão, destinada a marcar o desenvolvimento do mundo das idéias e fundar as bases da crença no Deus único, acei-tando de bom grado os sacrifícios que sua nobre carreira lhe impunha. E por isto, Abrahão passou ser pai do monoteísmo. Capítulo 15 1. Depois destas coisas— Rashi nos ensina: sempre que a Escritura usa a expressão Achar (como neste caso) significa "imediatamente depois", enquanto que Acharei não quer dizer que o "depois" seja imediato. Isto relaciona este trecho ao anterior, à guerra enfrentada por Abrahão. Por ter vencido milagrosa-mente a batalha, ele temia ter recebido uma recom-pensa Divina por todos os méritos de sua vida. Deus então assegura-lhe que "teu prémio é muito grande". Abrahão temia também ser punido por ter tirado a

vida de seus inimigos e que estes voltaast, organizar para vingar-se dele. A isto Deus: gura: "Não temas, Abrão, Eu te amparo" 1` que passou nem pelo futuro. Eu serei o teu,, scucl (Afague n). (E) ,

3. a mim não deste semente—Que proveitoter de tudo que recebo de Ti se não have-riu, descendente que herde meus bens e prossi divulgar Teus ensinamentos? (E) 5. E fê-lo sair —No sentido literal, félo sair de stu tenda para observar o céu. O Midrash ampliam visão. Deus faz Abrahão sair de sua razão estritaedi sua concepção da natureza. Ele tinha conscièneiaqu, de acordo com a natureza, era impossível Sara dar luz uni filho, devido à sua avançada idade. Deus enti, ensina-lhe que o povo judeu transcende as leis naturais, simbolizadas aqui pelas estrelas, e quei vontade Divina faria Sara dar-lhe um filho. Estancie' simboliza também que, da mesma forma gu, ninguém pode conquistar as estrelas, nenhuma jamais conseguirá destruir o povo de Israel. iE

 

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POstc, u4e-rQez, °IR k EWL05 pJDJ Z.-N u M `. A4 tJ o ,Ss  9. três novilhas - Esta aliança é conhecida na litera- 10.partros ao meio - Esta era uma dasquatro reinos que oprimiriam o povo de Israel, go- parte em frente da outra, e os contrata O Midrash explica que Deus mostrou a Abrahão os zerro), dividiam-se em duas partes, colocando „„ e- nf,0 as Partes Cortadas). tura rabínica como Berit Ben Habetarim (Aliança entre (pálct›) 61.1 aliança) que se fazia nnatessp-alli:1 et0T. pos: degolavam-se animais (principalmegnuteleste - eo,b vernando em pleno poder e perecendo em queda... entre os pedaços (Jeremias 34:18-20) e Non ai-A novilha simbolizava Edom (o império romano)... vam esta frase: "Que a Divindade corte em peudnaçc' ,5:511; a cabra representava a Grécia... o carneiro representava como a estes animais, os violadores deste pact:s: o império da Média e da Pérsia ... e a rola, os filhos de Daí as expressões Carot Berit,"foedus ferire". .:;Onc Ismael, pois aqui a palavra Tor não possui o signifi- latim, que significa: imolar uma vítima para concluir cado habitual de rola, dado que em aramaico o termo um tratado, Bo baBerit- entrar na Aliança (jeremia, empregado significa boi... A pombinha simboliza o sU 34:10), Abor baBerit- passar pela Aliança (Deute-povo de Israel... Rabi Iehoshua disse: "Abrahão to--Ç-ronômio 39:2),Amod baBerit- parar na Alian ça(` mou sua espada e os cortou em dois... Se não os ti- Reis 23). viesse dividido, o mundo não poderia existir, mas ao 13. quatrocentos anos -Na realidade, os israelitas dividi-los, debilitou seu poder. E colocou cada parte permaneceram como escravos no Egito somente 210 4, enfrentando a outra... só deixou com vida a pom- , anos, porém os sofrimentos dos 400 anos previstos -,(t binha." Abrahão se levantou e rogou ao Santíssimo, para a família hebréia começaram desde o nasciam, bendito seja, para que estes quatro reinos não to de Isaac, com suas peregrinações entre os povos. subjugassem seus filhos, até que uma grande ■.,„ 16. pecado do Amoreu, até aqui-Refere-se aos escuridão desceu sobre ele e adormeceu, por causa da pecados dos povos da terra de Canaã, pois Deus intensidade com que orou para que seus filhos -.)castiga as pessoas antes que seus pecados atiniam, sobrevivessem a estes quatro reinos. (E) limite extremo. , o /f<I /  Z- t-- f 7 7

 

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